A excentricidade é uma marca registrada de Maradona. Não
apenas longe dos gramados, mas também em campo, na arquibancada ou em seus
trabalhos pós-aposentadoria. Sua paixão por futebol - e também por dinheiro,
claro - o faz até mesmo exercer cargos dos quais talvez nem estivesse
preparado. A missão da vez é presidir um clube da Bielorrússia.
Anunciado em maio, e de férias na Rússia desde então,
Maradona assumiu nesta terça-feira, 17, a presidência do Dínamo Brest,
tradicional, mas não muito vitorioso clube bielorrusso. O cargo, naturalmente,
é muito mais simbólico. A real função de Maradona passa por supervisionar as
ações estratégicas do clube no futebol e também atrair os holofotes, em um
contrato de três anos. A chegada do argentino mobilizou a cidade histórica de
Brest, na divisa com a Polônia. O pequeno estádio do clube, com capacidade para
pouco mais de 10 mil pessoas estava completamente lotado e viu Maradona
aparecer bem ao seu estilo, em um carro com aparência militar. Conheceu os
jogadores, posou para fotos, deu uma coletiva e assistiu o Brest ser derrotado
por 3 a 1 pelo Shakhter Soligorsk, em jogo do campeonato nacional.
"Acredito que é apenas uma operação de relações
públicas. Será algo muito bom para a Bielorrúsia, mas Maradona virá duas ou
três vezes no ano", disse o ex-meia Alexandr Hleb, ídolo máximo do país,
em entrevista à agência EFE. O diretor do Brest, Valdas Ivanauskas rebateu.
"Queremos ser não apenas o melhor clube bielorrusso, mas muito mais que
isso. Uma espécie de Zenit (da Rússia). Se não houvessem perspectivas, Maradona
não teria aceitado vir". E para haver perspectivas positivas no atual
futebol, é preciso dinheiro. E o Brest tem. O atual proprietário do clube é a
Sohra Group, uma empresa exportadora de veículos pesados, para construção,
agricultura, entre outros, sendo uma das principais indústrias de Belarus, e
possui uma de suas unidades de operação em Dubai, nos Emirados Árabes, país em
que Maradona treinou o Al Fujairah, em 2017. A Sohra, como indústria nacional,
tem grande apoio do presidente do país, Aleksandr Lukashenko, principalmente na
tentativa de estabelecer uma relação comercial forte com países do Oriente
Médio. O polêmico mandatário do país, um dos poucos remanescentes do comunismo
soviético, não foi deixado de lado na apresentação de Maradona. "Eu quero
tirar uma foto com o Lukashenko. Espero que ele se torne nosso torcedor",
disse Maradona, amigo de Nicolás Maduro, presidente venezuelano e que também
tem boas relações com Lukashenko.
A imagem de Maradona, aliás, é forte o suficiente para pouco
arranhar, mesmo com as diversas ligações que o ex-jogador tem com políticos,
inclusive dentro do futebol, como na recente reaproximação com a FIFA, após a
entrada de Gianni Infantino no comando do futebol mundial. Resta saber até onde
vai mais esta aventura do Pibe.
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